Predador sorrateiro
Fera que vagueia silenciosa
Em caçada desatenta
Andar vagaroso e traiçoeiro
Caminha, para, olha, pensa
Escolhe ao acaso
De forma lenta e criteriosa
Passeia despercebida
Entre vítimas distraídas
Leves e despreocupadas
Ignoram inocentes
O que o destino lhes prepara
O inevitável momento
Que lhes espera
Roçando a todos
As presas dessa fera
Tudo é imprevisível lento
De súbito,
Ela escolhe um
Salta veloz
Como um raio decidido
Mau e feroz
Num apetite desabrido
Como rompesse
Um prolongado jejum
A vítima é pega de surpresa
Sente o hálito da morte
E se debate indefesa
Certa da sua sorte
Puxa o ar a sua volta
Mas a fera forte
Imobiliza sua presa
Morde, sufoca sua garganta
Frágil e delicada
Como uma planta
Firma, e não solta
A presa se debate ainda um pouco
Respira, suspira e resfolega
Num ruído agonizante e rouco
E então se rende,
Se entrega
Um silêncio...
Logo se ouvem lamentos
Em meio a sobreviventes silentes
E lamuriosos parentes
Magica dos laços do amor
E do nascimento
E o mundo todo sente
Nunca mais a luz do sol
Nunca mais a lua
Ascende sua alma nua
A terra será para sempre
O seu lençol...