Viviane.93

Fábula do passarinho na gaiola

Em um determinado lugar, um rico senhor, dono de vastas terras, prendeu um pássaro em uma gaiola e o colocou em frente a janela de sua casa. Ao sair, o senhor sempre dizia: -Não se preocupe pequeno, no fim da tarde volto e te dou comida. Quando o senhor voltava era uma imensa alegria! Ele soltava o passarinho e admirava todas as cantigas que o pequeno executava, em sua honra.

Certo dia, o senhor saiu e repetiu a ladainha de todos os dias: -Não se preocupe pequeno, no fim do dia volto. Naquela tarde o velho não voltou, enchendo de preocupações e saudades o pobre coração do bichinho. Todas as manhãs ele acordava esperançoso e dizia: -Meu senhor, vai voltar hoje, estou certo disso! Porém, ao findar do dia, ele sempre se entristecia, porque o senhor não voltava e se sentia decepcionado.

O pobre passarinho foi crescendo, enchendo o espaço da sua gaiola que antes, aos seus olhos pequeninos, era parecida com uma mansão. À medida que ele crescia, sua gaiola envelhecia, se tornava enferrujada. Lascas de ferro machucavam-no diariamente, chegando ao ponto de ele não poder se movimentar como fazia antes.

Aves grandes e de maior sabedoria diariamente pousam diante da gaiola, o alimentando e enchendo seu coração de palavras doces e tentando lhe mostrar que tudo tem um sentido. Ele ouvia tudo, e absorvia cada palavra dita.

Os anos foram passando e o senhor não voltava. O passarinho começou a sentir raiva, amaldiçoar o seu senhor! Queria ser livre, assim como as outras aves do céu eram! Será que só ele não podia sentir o gosto da felicidade e liberdade? Queria voar entre as nuvens, conhecer novas planícies, sentir o vento no seu rosto. Há anos o passarinho não canta mais.

Sei que você, amigo leitor, espera que o final dessa história seja feliz.Espera o encontro da pobre criaturinha com o seu senhor, onde abriria sua gaiola, curaria suas feridas e o deixaria finalmente livre. Este é o final que o passarinho espera até hoje! Enquanto este dia não chega, ele continua a observar o lindo céu que contempla todos os dias, há espera da tão sonhada liberdade!