Arlindo Nogueira

ORGULHO GAÚCHO

Me criei na pampa sem luxo

Sou vivente do campo sulino

Trago junto o poncho gaúcho

Há marcas de quando menino

Segui rastros de bois de ponta   

Vi a porteira no mourão bater  

Talagaço de pinga na garganta   

No entrevero, ala-putcha-tchê

 

Bah! àquele chasque de prenda

Me deu redeas sem rumo certo

A tardinha cheguei na fazenda

Pela prenda o portão foi aberto 

Ôigale tchê tô em cima do laço

O fandango fica lá em Soledade

Levei a prenda no pingo picaço 

Toca o baile Tchê Barbaridade

 

Pé que é um leque dentro da bota

Trago na garoupa laço couro cru

Minha prenda do fundo da grota

Dança a chula feito um peão xiru

Sou meio taipa no jeito de amar

Sou de galpão de chapéu tapeado

Àquela prenda pra me conquistar

Deverá gostar do cheiro de gado

 

Sou o ginete de quatro costados

Trago a marca minuano no peito

Há braço forte dos antepassados

Armada certeira do laço perfeito

Guapo que canta encanta no Sul

Botas e bombacha rude sem luxo

Campo com gado sob o céu azul

Índio gaudério e orgulho gaúcho