ACASO
Põe-te ao acaso, és o ocaso
Como a tarde que se deita sobre as montanhas
Súbito, inesperado, és borboleta
Quem sabe um som perdido, um zumbido?
Um cantar de andorinha, um passarinho!
Aqui é o inferno, mas vives no paraíso!
Não há sol ardente desde que amanheceu e, agora, o violáceo do céu torna-se inteiramente rubro, róseo.
E se fosses um fóssil, ou uma lagartixa?
Uma missa em oração, uma igreja. Não.
És mais um campo aberto. Um coreto! Um comício!
Uma passeata; mais pé no chão do que sapato.
Põe-te no resvalar do trabalho, sobre o poeta.
Porque és mais a Poesia; mais cheio do que o vazio. A noite que o dia; a raiz que a flor ...
És o amor que destrói e vivifica a evidência de Deus ...
Mais surdo que cego, o tombo que o tropeção.
Mais a contramão que o carro infringente que toma outra direção.
Mais gente do que povo.
Assim, te acendes e te apagas como o dia e a noite, como nesse momento, em que és por acaso este ocaso ...
És algo velho com gosto de novo!
Vlad Paganini
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