Sandro Paschoal Nogueira

Perdendo e não vendo

#PERDENDO #E #NÃO #VENDO

Garoa na rua...
Pela manhã...
Fria...
Nascer do sol...
Mais um dia...

O trem parado...
Recebe cuidados...
Cachorros vadios...
Abandonados...

Vento frio, sopra...
Entra na roupa...

Pastel da rodoviária...
Um pingado...
Daqui há pouco...
Vai me deixar...
Abastado...

Sentado na calçada...
A barbearia aberta...
Fila começa...
Na farmácia...

Pessoas sobem e descem...
Carros buzinam...
Nem sei quem são...
De máscaras...
Conheço não...

A tarde chega...
Boas lembranças...
Acompanham...

Um tucano...
Escondido...
Dá seu grito...

De olhar risonho...
Me apanho...

Já não caminho...
Ouvindo musica...
Já não bebo...
Um bom vinho...

No céu tem nuvens...
Andorinha voa...
Quem nunca viveu...
Precisa voar...

O mercado pequeno...
Lá hoje...
Nada tenho para comprar...

A padaria quase da esquina...
Pão de cebola...
Lindas meninas...

Das casas, a fachada...
Os vizinhos ainda são os mesmos...
Tem lua...
Mas sem serenatas...

Tudo se mistura dentro de mim...
Graças a Deus...
Ainda estou aqui...

Lembro e penso...
Em tanta coisa ao mesmo tempo...

Ninguém viu...
Quase ninguém mais vê...
No céu de Conservatória...
Em noites...
Estrela descer...

Tudo dentro de casa...
Em mundos trancados...
Internet ligada...
Do real...
Desligados...

Talvez poucas saibam...
Não se deram conta...
O que passou...
Não retorna...

Agora é a hora...
Quando for fazer algo...
Faça o melhor que puder...
Amanhã...
Se ainda perceber...
Irá lamentar...
O que se deixou...
De viver...

Sandro Paschoal Nogueira