O aprendiz

Um aprendiz de poeta no Olimpo

 

Noite dessas tive um sonho
Com ares de pesadelo
Eu estava no Olimpo
E tentava com cuidado e zelo
Versos a Zeus fazer
Imagine leitor o meu medo
Logo a Zeus, o Senhor dos raios
Que decidi versos fazer
Minha voz quase não se ouvia
Apavorado eu tremia
Ao ver que Zeus o cenho franzia
Um gesto de mão fazia
Pronto a me interromper
Sua voz de trovão ecoou
E a Mercúrio ordenou
Que percorresse os salões
E voltasse com Bilac e Camões
Pois tinha algo a lhes dizer
E Mercúrio foi num pé só
Corrigindo, numa só asa
Afinal conhecia a casa
E depressa os ia trazer
Bilac chegou e sentou
Camões por inteiro me olhou
E logo me questionou
Do papel que eu tinha em mão
São versos , meus caros poetas
Disse Zeus de seu trono
Que carecem de consertos
Alguns ajustes nos tercetos
Umas emendas nos sonetos
Levem-no à vossa escrava Rima
E àquela vossa outra serva, Métrica
Pois sem elas resulta tétrica 
Qualquer forma de versos fazer
O poeta aí até leva jeito
Mas para compor versos direito
Tem muito ainda a aprender
Aí acordei do meu sonho
E hoje dedico-me com afinco a ler
Os poemas de Bilac e Camões
Para tentar aprender  versos fazer