Eu vi um homem de lata na chuva, sentando no meio das pedras,
sozinho…de cabeça baixa…pensativo…
Peguei meu guarda-sol ( ele também guardava a chuva) fui até ele,
“Está tudo bem, Senhor? Não vê que chove muito?”
Ele me olha franzino… quase não mexe sua cabeça de lata…
“Chove?” (Falou baixinho)
“Sim, chove muito! Não ouve o trovar?”
“Trovoa?”
“Sim…Trovoa muito… E me desculpe a indelicadeza, o senhor é lata…”
“E o que tem isso?”
“Não vê que logo um raio o partirá? Ou que a ferrugem ira lhe corroer? Se ficar aqui virará sucata…”
Ele se levanta, fraco, magro, quase caindo…
“Me desculpe Senhorita…Não queria preocupa-la…”
“E porque diabos o Senhor estava na chuva?”
Ele abre as mãos, entre seus dedos de lata há terra, barro e ferrugem, sementes, folhas e raízes.
“Eu precisava regar o que há em mim.”
Porque temos medo da chuva?