A escrita me recomendou o cheiro das flores,
depois me mostrou o brilho da noite.
Transcendeu-me ao indizível, na procura do invisível.
Acabei por dormir na palavra, conectado com o inefável.
Encontrei o mistério estabelecido no ‘entre’ das coisas –
o ventre e o caminho; ente aconchegado na alma existente.
Num artifício sublime, na égide indecifrável
que se estabeleceu em mim, descansei.
Descansei e vivi.
Em chamas ardentes pelo mar;
em luzes instigadas a ascender ao céu cedo de mais;
Entre o desejo e o eu, permaneci.
Eis o mistério, a dúvida e a resposta vaga.
Vaga de palavra, completa de impressão.
São questões que padecem de encontros mensuráveis
com a realidade, mas que vivem placidamente na alma adormecida.
A paz de não compreender é viver.
O indizível é o mistério, e o mistério tem de permanecer lá.
Acolho o meu mistério e concebo a existência a mim
– concedo a vida sem-fim.