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emanuele

Centro

Ando pelo Centro do Rio de Janeiro, mergulhando na história já quase totalmente esquecida. Observo as pessoas, histórias não contadas, vozes que ninguém escuta. Tudo é suspeito, olhares suspeitos, palavras suspeitas, pessoas suspeitas. As poças no chão também não são salvadoras, suspeitas.

A noite é fria, o ar malcheiroso marca bem o lugar onde estou. Pessoas diferentes, mundos diferentes, classes sociais, roupas, residências, tudo é diferente. Alguns são mais felizes, outros estão mais bêbados, e há aqueles à beira da morte por passarem dias sem comer. Cachorros latindo, vendedores gritando, o doido da praça dançando. É sexta-feira à noite, corpos quase desnudos pela Lapa, alguns vendidos, outros não. Há um forte cheiro de bebida e cigarros de baixa qualidade. Gargalhadas, choros, \"você viu, cara?\" \"O cara foi embora, não aguentou a bebedeira\". Vidas diferentes, sem mais nem menos, às vezes com bem menos.