As faces dessa lírica profecia
pede-me em sacrifício,
Sou um cordeiro de espírito tenro,
e carne macia,
Uma oferenda devorando as folhas,
Que construirão meu casulo;
Sobrenatural como a lagarta pelos galhos
preparando sua transformação,
A revelação que postulo.
Como um iogue me recolherei,
Sintonizando meu dial universal
como um réptil.
Uma salamandra deitada
acariciada por uma pedra,
Relaxando preguiçosamente ao sol,
Para ser o alimento
do teu prospero banquete,
Deixando de ser a criatura escondida,
Pela minha imaginação,
Para ser capturado num filme,
Em sua quinta dimensão;
Sigo sincronizado com a íris,
Que faz da lente um penoso torniquete,
O olho de Deus
no topo de uma cúpula,
Que segue o contorno do sol,
Do nascer ao seu poente pecaminoso,
Comparado a ti, com justo orgulho,
Cerzindo o céu que me parece
levemente com um tapete,
Cuidadosamente costurado
de sedosos retalhos azuis,
Onde nuvens radiantes
tem a brancura de um novelo,
E os fios quentes, triunfantes,
Como os velos de um carneiro.
De onde provéns em meus sonhos
quando estou deitado,
As vezes parece-me o céu estrelado,
Descortinando a madrugada
pelos furos de minhas telhas quebradas.
Onde lhe mantenho agasalhada numa aspiração
para que não padeça.
Eis-me, na forma de um casaco
tosado pelos mistérios do universo,
Colocado sobre a tua aura
para que não adoeça.
Na historia deste dia profético,
Agitarão meu pequeno espaço,
Andorinhas de mudanças súbitas,
Como a chama erguida
em minha memória,
Que pousarão nas cordas do meu violão
cantando alegres solfejos,
Sabendo que não há mais tempo
para escondê-la de mim,
Onde estarás presa,
Nas primorosas substancias liquidas do desejo
de seu corpo molhado pelo suor,
Que emanará sofridos odores,
Lembrando o aroma doce das rosas...
Somente a cordilheira do Himalaia,
Seu altar mor,
Libertará meu coração
de suas clausuras,
Confundindo o ar rarefeito das montanhas,
Em que respiro com dificuldade,
Com o teu sopro restaurador
que me acompanha.
Penso comigo,
só os anjos sobrevivem as suas alturas,
No meio caminho
entre o céu e a terra,
Onde a leveza do som de suas asas
traz-me a saudade.
E nesta noite especial
farei a minha cama no teu solo,
Nas reservas tênues de seu coração,
No viçoso planalto da sua alma
restaurada pela chuva,
Onde a água fresca corre
e leva o meu ser,
A te desconhecer de tudo mais
que era sagrado.
Ouço musica nos galhos triviais,
Nas poças doces de sua verve
e languidos mananciais.
De onde a minha vida escorre,
Numa afetuosa viagem
por dentro de mim,
Ouvindo o “sim” da assombração
de meu pobre homem,
Um alpinista perdido
nas passagens estreitas de seu labirinto,
Atravessando seus polos,
Circundando a terra,
Agindo por instinto,
Se agarrando a lembrança
do aconchego de seus braços,
Onde não podes mais me arranhar
com seu critério.
Deixando o amor para aqueles
que não desistem,
E dividem em paz o seu mistério.
...amar a ambos, ao Deus Invisível, repositório de todas as virtudes, e ao homem visível, aparentemente destituído de qualquer virtude, é muitas vezes, desconcertante. Mas a inteligência do homem está à altura do problema. A pesquisa interior não tarda em mostrar uma unidade em todas as mentes humanas: o forte parentesco dos motivos egoístas. Pelo menos nesse sentido, revela-se a fraternidade dos homens. Uma assombrosa humildade segue-se a este descobrimento nivelador. E amadurece em compaixão por nossos companheiros de jornada, cegos às potências curadoras da alma que esperam por exploração.
- Os santos de todas as épocas, senhor, sentiram essa mesma piedade pelas dores do mundo.
-Somente o homem superficial perde a receptividade às aflições do próximo, à medida que submerge em seu próprio e estreito sofrimento.
- A face austera do sádhu suavizara-se notavelmente. - Quem toma o escalpelo e pratica o dissecar de si mesmo, experimenta uma expansão de piedade universal. É aliviado das demandas ensurdecedoras de seu ego. O amor a Deus floresce em semelhante solo. A criatura volta-se finalmente para seu Criador, senão por outro motivo, ao menos para perguntar com angústia:
“Por que, Senhor, por quê?.”Através das ignóbeis chicotadas da dor, o homem é conduzido afinal à Presença Infinita, cuja beleza deveria ser a única e fasciná-lo.