Letícia Alves

Capim-amarelo devido ao sol

Capim-amarelo devido ao sol.

Através dele vejo o dia e a folia

das crianças que passam 

andando de bicicleta, 

emparelhadas com seus amigos,

da vida rindo.

 

Conectar o oceano com a alma.

Descrevo as ondas do mar em sentimento, 

e o sentimento-onda finda por bater em mim.

Eu vi. Vi de forma translúcida o seu esplendor 

e nostalgia passaram por mim.

 

Pássaro vermelho. O dia é reflexo dele. 

Dele que encanta enquanto canta, e perante 

a colorida sinfonia lembro da infância. 

A alma suspira de alegria.

 

Avisto um balanço velho, subitamente 

as memórias se fazem novas.

A criança no balanço que vai e vem 

e o entardecer que cai. 

 

No fim do dia, a lua ascende, 

acendendo em mim algo. 

Sinto que é uma mensagem

plácida da existência para mim.

 

Sinto a incógnita. Deixo estar.

Apercebo-me de mim. Deito e sou feliz. 

 

[O capim tornou-se 

naturalmente verde-escuro. 

Mas, os vagalumes iluminam-os, 

até que noutro dia tornem a brilhar].