O PRIMEIRO BEIJO
Ainda me lembro daquele setembro
Tarde quente o vento entrava pelas vidraças
Os meus olhos deslizavam pelo apartamento
E encontravam os teus olhos e o teu corpo ali sentado
Tua camisa aberta um convite pelo meu corpo
Teu cheiro de café de terra e de homem
Me entontecia ...
Teu olhar de menino me levava ao desatino
Em segundos encantados
Estávamos entrelaçados emaranhados
Nus ...
O sal da tua pele doce no meu agridoce
Deslumbrados com os que veem quase ao anoitecer
Tarde de amor e prazer...
Nossos corpos refletiam nas vidraças
Nas cortinas e gemiam em quatro paredes
Tua cama agora me pertencia ...
O meu corpo aberto recebia o teu
Bailavam obstinados
Harmonia cordas que tocavam teu arco no meu
Um instante intraduzível inefável
Não era sonho ...
Pensei ter adormecido de súbito
Mas quando abro os olhos te vejo nu
No meu corpo e dentro do meu pelo ...
Minha pele refletia na tua alma nua
A tua na minha escrita te consagrava
Teu sêmen me fecundava ...
Meu coração em pétalas flor de sangue
Me levava no arco-íris do teu leito
Infringia meu corpo de tantos amores
Invadia teu peito ...
Naquele setembro nasceu em mim o verso
Que há tanto tempo escondia
Minha poesia em lira ...
Tarde eterna para além de outras vidas
Vidas já vividas de outros tempos
Primavera encharcada ensolarada
De outras eras dos nossos desejos tão intensos ...
Ainda hoje aquele setembro bate e encharca no meu peito
Meu corpo ainda dorme no teu leito
Guardo até hoje dentro do meu peito
O calor do nosso primeiro beijo ...
Vlad Paganini
Te amo desde o primeiro instante
Te amo ainda hoje
Desde o primeiro beijo ...