Letícia Alves

Jovem Coração (young at heart)

Alucinação de plantas que se movem como pássaros,

sem direção; o vento dita o fluxo glacial, solitário, mas acolhedor.

Para acordar deste sono profundo (não-vida) disfarço-me 

de joaninha e prendo-me à folha – sublime momento; vou de ida. 

 

Conversamos sobre a arquitetura da ponte-árvore, da canoa na 

água serena nos confins ignorantes de tudo bem mais longe...

O som plácido envolto dessa atmosfera guarda-nos. A nudez do sol,

o músico que esquece a partitura e o cachorrinho que chega devagar.

 

(O mundo passa a ser uma máquina lenta, pois nas minhas lentes tudo

acontece devagar. O tempo parece esperar. Tardar. Findam-se os “será’s”)

 

Visão quase que celestial. Transcendental. É um doce delírio.

O corpo arrepia e respira, boiando nas vibrações continuas dos

leves raios de sol. Êxtase relampeja. A imagem reproduz-se até 

o sem-fim, aqui dentro, em mim. Estreito, mas direito no jovem coração.