Alucinação de plantas que se movem como pássaros,
sem direção; o vento dita o fluxo glacial, solitário, mas acolhedor.
Para acordar deste sono profundo (não-vida) disfarço-me
de joaninha e prendo-me à folha – sublime momento; vou de ida.
Conversamos sobre a arquitetura da ponte-árvore, da canoa na
água serena nos confins ignorantes de tudo bem mais longe...
O som plácido envolto dessa atmosfera guarda-nos. A nudez do sol,
o músico que esquece a partitura e o cachorrinho que chega devagar.
(O mundo passa a ser uma máquina lenta, pois nas minhas lentes tudo
acontece devagar. O tempo parece esperar. Tardar. Findam-se os “será’s”)
Visão quase que celestial. Transcendental. É um doce delírio.
O corpo arrepia e respira, boiando nas vibrações continuas dos
leves raios de sol. Êxtase relampeja. A imagem reproduz-se até
o sem-fim, aqui dentro, em mim. Estreito, mas direito no jovem coração.