Letícia Alves

Campo de Flores

Me encontro num campo de flores.

Imagino o oceano, o deserto, o mar, 

o paraíso e a terra. Fértil, mas vazia. 

Imensa e entupida. 

 

Que será explicar o mundo, 

sem ao menos conhecer a si mesmo?

Como poder acompanhar o mundo e 

mostrar-se surdo ao não ouvir a si próprio?

 

As ondulações temporárias representadas 

na mente estimulada desenham ondas que 

vibram forças. O reflexo é tão forte 

quanto o que é ponderado. 

 

Eu sinto, logo vejo e, se vejo, é para criar.

 

No final, imaginou tudo, mas sempre 

dormiu num campo de flores. 

Morto ou não, sempre foi 

um campo de flores. 

 

O rascunho do meu é escrito 

em fogos de artifício – queimam e brilham;

Incendeiam enquanto se apagam.

Vagam e reluzem como vagalumes.

 

Me encontro num campo de flores,

sem título, sem nome, sem a vergonha,

sem o túmulo dentro do peito.

E aqui, onde fui plantada, permanecerei.