Decorrem os dias, vão-se as horas.
Uma primavera rumoreja de dentro para fora dessa toca.
O outono chegou, e as suas lembranças me envolvem
numa espécie de abrigo saudosista,
como se fosse, na verdade, noite de verão,
resta-me lembrar de lembrar
e lembrar e lembrar...
O inverno retornou...
O ar gélido e tépido bate às portas.
Muita neve e mansidão. Cintilam as músicas clássicas natalinas.
Tudo é como cristal. Um cristal melancólico que apodera-se
ainda dos dias de outrora.
É um ciclo que se renova.
Outra hora entardecer-se de novo naquele mesmo conto
de verão de fim de dia, observando palavras nas constelações
de cada paisagem que hão de atender o pedido angustiado
da robusta flor de primavera que tem renovado as minhas forças.
A pintura da palavra vista purificou-me. O pedido da flor efetivo tornou-se.
Por enquanto, sigo cantando todo o canto que me é atravessado.
Sobreponho-me a todo esse resto. Transpasso-o, quer seja ele um
mal ou bom verso. Por aqui me despeço. As estações findam. Encerro.