Adeus minha casa, adeus...
tudo o que me deste, agradeço;
Adeus solidão, adeus..
quero ter novo endereço.
Quero deixar no teu chão
o pranto que aqui chorei;
quero fugir da solidão,
se volto um dia, eu não sei.
Quanto ao suor do meu rosto,
decepções, sofrimentos, desgostos,
quero que fiquem aqui contigo;
e quando eu cruzar essa rua,
não quero lembranças suas,
não te quero mais comigo.
Adeus, recanto de sonhos,
minha realidade cruel,
senhora de pesadelos medonhos,
inferno que imita o céu.
Se aquela notícia boa
há tempos tão esperada
chegar assim, à toa,
diga a ela que está atrasada.
E quanto aos meus ideais,
eles não existem mais,
morreram todos aqui;
Pois num dia de natal
aconteceu o meu funeral...
Faz dez anos que morri.