Há um certo equilíbrio no silêncio,
Quando ele vem pra dentro de mim,
Trazendo uma inocente esperança,
O meu coração, até ouço bater.
Escuto uma canção que canta memórias
Lembranças de uma doce infância,
Dos grandes amigos, as ruas de Ipanema,
Que vejo num espelho do passado.
Ouço também o silêncio do universo,
As estrelas se deslocando no espaço,
A matemática explica quase tudo,
Os dias , as noites, a terra girando...
O mundo físico é explicável,
As equações já desvendaram,
Mas ainda há muito para explicar,
Ou para tirar da escuridão.
Esta minha existência é fragil,
Porém a vida é muito mais...
A vida é o que não se prende,
O que não se restringe ao que está posto,
Ela é o que não se limita,
Nasce nas frestas da madrugada,
Rompe nas pedras vencendo durezas quase impossíveis,
Desce nas correntesas dos rios,
Cai nas cachoeiras e sobe nas montanhas,
Nasce de novo depois que morre,
Explode em milhoes de cores,
Se divide em infinitas espécies,
Voa nas asas da imensidão,
A vida desconecta a lógica,
É o que desequilibra tudo,
Porque ainda está em construção,
Tem alma que bate nos corações,
Tem corpos plantados no chão,
Belezas que nascem de dores,
E crescem no peito da gente.
A vida tem sua própria lei,
E pune a quem não lhe aceita,
Te arranca e te lança no fogo,
Se já nao te vale a si mesmo.
Por isto ela nos quer vivos,
Sonhando, chorando e sorrindo
Enquanto vai nos conduzindo
Ao nosso misterioso destino
Sinto que estamos olhando pro lado,
Enquanto a vida nos quer em alerta,
Para vermos mais a nossa volta,
Para o tudo que mais importa.
A senhorinha que vende na feira,
O que ela mesma plantou no campo,
Nos oferece o fruto de suas mãos
O queijo, a goiabada o doce de leite,
Tantas horas de trabalho,
E para nós, dar-se quase em oferenda,
É necessário ver além,
O homem com o seu trator ou sua enxada,
O garçom que vem nos servir
E serve-se a nós em sorrisos,
Vamos sorrir de volta!!
A professora que se esforça,
Para nos entregar o que é tão dela,
Sua alma e seu coração,
Vamos aprender e abraçá-la.
O motorista , o engenheiro
A médica, que nos salva,
O porteiro que nos abre portas:
Vamos sorrir de volta!
O Copeiro que se entregou a nós
Junto ao café que virou oração,
E Neste ato tão simples
Nos devolveu uma esperança pequena e necessária,
Salve quem levantou de madrugada,
E se entregou na dura jornada,
De ferir os próprios dedos para colher-se no pé de café
Salve quem o pôs pra torrar
Quem o colocou pra ensacar
Quem o vendeu para aquele bar...
A vida nos pede o olhar atento
Ao que de fato está acontecendo
Para além de uma tela de TV
Para além da nossa vaidade,
Há o que não se pode negar:
Milagres esperando em abraços
Sorrisos esperando em lábios
Palavras para dizer
Amigos para fazer
Pessoas para amar...
Antonio Olivio