Antonio Olivio

O silĂȘncio da vida acontecendo...

Há um certo equilíbrio no silêncio,

Quando ele vem pra dentro de mim,

Trazendo  uma inocente  esperança,

O meu coração,  até ouço bater.

Escuto uma canção que canta memórias 

Lembranças de uma doce infância,

Dos grandes amigos, as ruas de Ipanema,

Que vejo num espelho do passado.

 

Ouço também o silêncio do universo,

As estrelas se deslocando no espaço,

A matemática explica quase tudo,

Os dias , as noites, a terra girando...

O mundo físico é explicável,

As equações já desvendaram,

Mas ainda há  muito para explicar,

Ou para tirar da escuridão.

 

Esta minha existência é fragil,

Porém a vida é muito mais...

A vida é o que não se prende, 

O que não se restringe ao que está posto,

Ela é o que não se limita,

Nasce nas frestas da madrugada,

Rompe nas pedras vencendo durezas quase impossíveis,

Desce nas correntesas  dos rios,

Cai nas cachoeiras e sobe nas montanhas,

Nasce de novo depois que morre,

Explode em milhoes de cores,

Se divide em infinitas espécies,

Voa nas asas da imensidão,

A vida desconecta a lógica,

É o que desequilibra tudo,

Porque ainda está em construção,

Tem alma que bate nos corações,

Tem corpos plantados no chão, 

Belezas que nascem de dores,

E crescem no peito da gente.

 

A vida tem sua própria lei,

E pune a quem não lhe aceita,

Te arranca e te lança no fogo,

Se já nao te vale a si mesmo.

Por isto ela nos quer vivos,

Sonhando, chorando e sorrindo

Enquanto vai nos conduzindo

Ao nosso misterioso destino

 

Sinto que estamos olhando pro lado,

Enquanto a vida nos quer em alerta,

Para vermos mais a nossa volta,

Para o tudo que mais importa.

 

A senhorinha que vende na feira,

O que ela mesma plantou no campo,

Nos oferece o fruto de suas mãos 

O queijo, a goiabada o doce de leite,

Tantas horas de trabalho,

E para nós, dar-se quase em oferenda,

É necessário ver além, 

O homem com o seu trator ou sua enxada,

O garçom que vem nos servir

E serve-se  a nós em sorrisos,

Vamos sorrir de volta!!

A professora que se esforça,

Para nos entregar o que é tão dela,

Sua alma e seu coração,

Vamos aprender e abraçá-la.

 

O motorista , o engenheiro

A médica, que nos salva, 

O porteiro que nos abre portas:

Vamos sorrir de volta!

O Copeiro que se entregou a nós 

Junto ao café  que virou oração, 

E Neste ato tão simples 

Nos devolveu uma esperança pequena e necessária,

Salve quem levantou de madrugada,

E se entregou na dura jornada, 

De ferir os próprios dedos para colher-se no pé de café 

Salve quem o pôs pra torrar 

Quem o colocou pra ensacar 

Quem o vendeu para aquele bar...

 

A vida nos pede o olhar atento

Ao que de fato está acontecendo

Para além de uma tela de TV 

Para além da nossa vaidade,

Há o que não  se  pode negar:

Milagres esperando em abraços

Sorrisos esperando em lábios 

Palavras para dizer

Amigos para fazer

Pessoas para amar...

 

 

Antonio Olivio