Vou colorindo meus dias
Com a tinta vermelha
Da descoberta, da paixão
Vivendo do fogo a centelha
Das batalhas perdidas
E das lutas ganhas
Faço uma colcha de retalhos
Dos meus feitos, das minhas façanhas
Subo cada ladeira
E desço cada precipício
Com a certeza palpável
De que tudo isso é apenas o início
Preparo o fogo
Atiço o vento
Estico os braços
Para saborear cada momento
Queimo em febre
Congelo em dúvida
Vontade antiga
Ou trapaça súbita
Ameaço explodir, como granada que sou
De dor e de felicidade
Viajo caminhos difíceis e longos
Em busca da minha verdade
E ela se descortina tão clara, tão cara, tão rara
Tão sem mágoa, sem marcas
Guardo-a em pedaços
Nas minhas velhas arcas
Trabalho as histórias
Desvendo os mistérios
Mergulho nos medos, sem medo
E reinvento meus próprios critérios
E nessa linha tênue que sou,
Eu nova, renovada em mim mesma
Menos certa de quem virei a ser
Transformo lentamente essa resma.