Roberio Motta

Estrelar

Do grito dos Reriús

Das histórias de Chico Josa

Aos que inda lê

Um pouco da língua jê

 

Da serra de canto ao longe

Da casa grande e a estrada

Dos irmãos que eram onze

Do que se foi na Ibiapaba

 

Oito léguas e uma sina

Da cabana a Copacabana

Muitos saíram noite de lua

Levando apenas o sonho

 

Estrelê inda ficou

José Maria do Rêgo também

Enquanto AvóRai e Coronel Manoel

Nos feitos lajedos do vai e vem

 

O topógrafo de terras distantes

Fez nascer um dos mares do sertão

A pausa do rio preso e represo

Na beira a alegria do descubertão

 

Quitéria Santa e a Varjota

Reriutaba e o Serrote dos Muniz

A trazer da Cachoeira do Quandú

O menino e o velho aprendiz

 

Da seca cansada de Oitenta e Oito

Sobrou os Cactos-Cabeça de Frade

A macambira e a oiticica

E o que tempo passou

Pausado o que fica de quem não fica

 

O tesouro francês enterrado

Vigiado pela lua e pelos Canindés

E o Monte dos RAIMUNDO Rodrigues Martins

É teu nome cheio de ti que diz quem tu és

 

O meu um dia se encontrou

Com o teu sábio que guardou

Estórias histórias vagas ao céu

Nas manhãs no Fortaleza Hotel

 

Dona Olívia e teu mundo

Que soprou à beira do Acaraú

O que sai em verso dentro de mim

Veio do perto longe do Croatá dos Martins

 

E Drenas a fatiar terras alheias

Na feitura das águas que ficou

O estrelar e suas pareias

A família e a mesa grande que calcificou.

 

Roberio Motta, Onze de 6 de Vinte e Vinte e Três.