Há paredes demais
Há muros, pedras, grades
Meu pulsar é carente de vida
A tormenta me invade
Em face da dor e da injustiça
Quando culpado, resta-me inocência
E, se inocente, reclusa-me culpado
Faço rogativa à divina providência
Nesses caminhos em que tenho errado
Não há vida sem liberdade
Há paredes demais
Há muros, abismo, distância
Nesse pesar, opressiva guarida
Onde a razão em tanta ferida
A dor, a angústia, essa ânsia
A fúria incandescente me arde
Não há vida sem liberdade
Há parede demais
As fronteiras gritam num abraço
Tantos detidos na individualidade
Há indiferença e há descompasso
Há muros, abismos, distância
Barreiras, paredes, e há grades
Nesse pesar, frio, fome, agonia
Mas não há cárcere para a poesia
Qual a realidade desses versos