Falo a língua dos gestos
os acenos mudos dos trejeitos
o dialeto das ruas em que me movimento
e o jargão dos rebolados malemolentes
O corpo é meu vocabulário
onde se acham gravadas invisíveis tatuagens
como se fossem cuneiformes escritos
de uma antiga civilização inexistente
Minha mobilidade desengonçada
é harmoniosa por dentro
talvez por isso ninguém entenda
que me expresso no mudar gingado
e dançante dos meus deslocamentos
Na linguajem gestual em que me revelo
sou um bailarino a girar suspenso
no ar do palco em que danço a dança do tempo
ao som do ritmo da música que ouço em silêncio
Da minha coreografia sou responsável
pelos passos que ouso e invento