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Jose Kappel

Estrela da Meia-Noite

 

Dá de lá, pega daqui.
Tudo numa rifa infernal,
onde as coisas do coração
ficam especiais:
lentas e sombreras.

 

Se você quer ser você 
já não pode, porque o
vazio já tomou
seu lugar.

 

E se você é o anfitrião da dor,
menos mal.
A fruta não sola a terra,
o sol não vinga sua força,
a sombra reina soberana:
em sua última peça.

 

Tratava do sol e do nó,
arguto sistema de nós dois.
Quando você partiu
e nos deixou, sós.

 

Mas se a vida vale alguma coisa,
não vale sem você.

 

Fica tudo vazio,
sem bordas,
chameado de
falsa sinceridade:
é troco enganado,
é voz engasgada,
é muro de pedra.

Tudo como se fosse novo:
a palha, o rústico, a forma.


Tudo como se fosse de uma vez
só:
o breu, o cáustico, a solda.

 

E fica combinado assim,
quando você virar estrela da meia-noite.
eu fico no bombordo da vida
olhando  pro céu
vendo você brilhar de saudades.