Arlindo Nogueira

CASA BANGALĂ”

O voar seleto dum beija-flor

Sobre o ventre do vale verde

Desvela seu ninho na parede

Daquela casa no pé da serra

Casa bangalô parece tapera

A relva já cobriu o caminho

No oitão há ali dois ninhos

Onde o beija-flor é vizinho

Do lindo canarinho da terra

 

Eu resido na casa bangalô

Naquele vale parece tapera

Dentro dela vivo na espera

Que talvez volte meu amor

Ela é o puro néctar da flor

É a rainha da casa da serra

Ninho do canário da terra

Ninho meu e do beija-flor

 

Eu sou sósia do beija-flor 

Sou desse vale da restinga

Vim das águas do jacutinga

Nessa casa de tabua lascada

De janelas e portas fechadas

Vivo ali vizinhos não tenho

Há na parede lindo desenho

Duma flor minha namorada

 

Tal qual um colibri ela voou

Atravessou o rio foi embora

Solitário meu coração chora

Nessa casa coberta de flores

No oitão cantar do beija-flor

Remete meu olhar à restinga

Perpassa águas do jacutinga

Na espera de ver meu amor