Claudio Reis

FOI QUANDO O TEMPO DISSE PARA ESPERAR

Espero-te à tempos
Que te subas a escada me fazendo ouvir seus passos
Suavemente fazendo-me sentir a doce fragrância vinda de ti
Como um garoto que vai ao circo para se alegrar, quero me sentir
E quando deres à mim o seu olhar, quero ser eu a saudade que te judiava
O gosto da fruta que mais aguça seu palato, que te sacia , que te dá prazer
Mas o que mais quero é que venhas para ficar
Que se demore muito até enquanto existirem as primaveras
Até enquanto no céu existir a luz do luar

Com a sua ausência pude sentir o gosto amargo de fel
Meus carinhos represados verteram pelos olhos águas molhando lençóis
Esta inanição sentimental tiraram-me até os perfumes e as cores das flores
Nem mesmo as estrelas brilharam mais no azul escuro do céu
Mas mesmo assim mantive guardado todo o bem que me causaste
Neste leito só, passeei por todos os lugares que fizeste-me sentir alegria 
Cheguei a pensar que só pudesse te-la novamente noutra vida
Que o caminho do abandono seria para assim eu terminar essa jornada

Agora que voltaste envolva-me mais ainda que antes
Faça-me sentir eu sendo ti em sua pele despida e ávida de caricias
Deixe-me colocar minha boca em sua boca para entrar em êxtase
Quero sentir-me estando em seu corpo para confirmar por ti o meu desejo 
Esquecer-me de quando imaginava de com quem e por onde tu andavas
Colocar-te de volta neste leito que à muito te esperava para devolver-nos aos céus
Perdermos a noção do tempo! E de tanto nos amarmos mudarmos a triste identidade
Espero-te à tempos! Voltaste, estarás nesta vida e noutra também, minha felicidade.

Claudio Reis