Hébron

Futuro com atraso

 

Amanhã terá escuridão 
É o que diz a profecia
É o que está escrito 
E é o que se diz e está dito

 

Nessas linhas tortas
Em cifras da devastação 
As palavras sem poesia
Da lírica quase  morta

 

Estrangulada inspiração 
Não consegue bem soltar a voz
Sem vez, pálido semblante 
Turbidez, verso destoante
Sua tez, olhar sem horizonte 
Leito seco, vale de rio sem foz

 

Sem embargo de toda sorte
Fluxo de uma onda de caos
Incontáveis são tantas mortes
Surto de um tempo sem espaço 
Homens de bens e de maus
Creia-se no futuro com atraso?

 

Nos sulcos da sua aura vejo
Das páginas já escritas deduzo
Na direção dos passos conduzo
Minha razão com critérios 
Esclareçam-se nossos mistérios 
E assim está escrito, está dito
A sina é certamente a direção 
Do carma arrisco a profecia 
Não exatamente o que desejo
Mas nos sulcos da sua aura vejo
Aprume-se e erga a sua visão 
Resgatem-se o verso e a poesia
Nas páginas em branco que virão