No mar interior de mim
habitam ninfas aquáticas
sorridentes baleias rosadas
corvinas, robalos e linguados
e uma multidão de peixinhos listrados
No mar interior de mim
sereias encantadas
sobre a ossada dos rochedos
arrastam minhas lembranças
para o fundo secreto da alma
No mar interior de mim
navios naufragados
guardam tesouros não revelados
sobras de um menino nunca abandonado
que sabe nadar até debaixo d’água
No mar interior de mim
minhas praias estão sempre lotadas
fins de semana, dias úteis e feriados
por vulgos que por ali passam
deixando pegadas nos grãos da areia
que o vento do tempo um dia apaga
No mar interior de mim
a luz não alcança a fossa mais encovada
do meu mais profundo oceano
em que entre placas tectônicas
permanecem submersos e adormecidos
primitivos vulcões marítimos
No mar interior de mim
ondas espumadas de histórias
oscilam molhadas de memórias
onde por fora deslizo
como um surfista bronzeado
e por dentro navego
feito um submarino amarelo camuflado
No mar interior de mim
sou Robison Crusoé
sem Sexta-Feira