joaquim cesario de mello

O MAR INTERIOR DE MIM

 

No mar interior de mim
habitam ninfas aquáticas 
sorridentes baleias rosadas
corvinas, robalos e linguados
e uma multidão de peixinhos listrados

No mar interior de mim
sereias encantadas
sobre a ossada dos rochedos
arrastam minhas lembranças
para o fundo secreto da alma

No mar interior de mim
navios naufragados 
guardam tesouros não revelados
sobras de um menino nunca abandonado
que sabe nadar até debaixo d’água

No mar interior de mim
minhas praias estão sempre lotadas
fins de semana, dias úteis e feriados
por vulgos que por ali passam 
deixando pegadas nos grãos da areia
que o vento do tempo um dia apaga

No mar interior de mim
a luz não alcança a fossa mais encovada
do meu mais profundo oceano 
em que entre placas tectônicas 
permanecem submersos e adormecidos 
primitivos vulcões marítimos 

No mar interior de mim
ondas espumadas de histórias
oscilam molhadas de memórias
onde por fora deslizo 
como um surfista bronzeado
e por dentro navego 
feito um submarino amarelo camuflado

No mar interior de mim
sou Robison Crusoé
sem Sexta-Feira