Se eu crio
Não desejo a segunda pessoa para ninguém
Vestido de fraque e cartola
Arranhando a superfície
Não vendo além da minha própria imagem
No espelho da água
Mágoa seria se eu não caísse
Quebro o espelho, mergulho
Revolto as águas
Vejo o que tem no fundo
Não faço arte para seu agrado
No presépio, sou a ovelha afrodescendente
E não a cabeça da vaca do lado
Sou reto como a curva
Sonho para me me apartar do rebanho
Nado na água turva
Eu sou uma ovelha diferente
Júpiter, Terra, Lua
Vênus e Marte
Sou tanta gente
Sou tantas partes
Mas sempre na primeira pessoa nua
Eu nado contra a corrente
E se faço arte
Não é para licença sua
Se eu faço arte
É somente para desagradar-te...