//meuladopoetico.com/

Marçal de Oliveira Huoya

Ad Verso

Se eu crio

Não desejo a segunda pessoa para ninguém

Vestido de fraque e cartola

Arranhando a superfície

Não vendo além da minha própria imagem

No espelho da água

Mágoa seria se eu não caísse

Quebro o espelho, mergulho

Revolto as águas

Vejo o que tem no fundo

Não faço arte para seu agrado

No presépio, sou a ovelha afrodescendente

E não a cabeça da vaca do lado

Sou reto como a curva

Sonho para me me apartar do rebanho

Nado na água turva

Eu sou uma ovelha diferente

Júpiter, Terra, Lua

Vênus e Marte

Sou tanta gente

Sou tantas partes

Mas sempre na primeira pessoa nua

Eu nado contra a corrente

E se faço arte

Não é para licença sua

Se eu faço arte

É somente para desagradar-te...