Claudio Reis

NOS ANDES UM RARO AMOR

São lugares distantes da competição vaidosa
Longínquos do tédio inserido no asfalto negro
Fora do tempo, do ponteiro do relógio escravizante
Onde não existem cercas separando quintais
Lugares limpos das imagens frias artificiais
Das plásticas e dos plásticos dos dias atuais

Sua gente sagrada aprendeu a sorrir para o Sol 
Leve são suas mãos no trato com o alimento
Olhos que só sabem enxergar o belo da natura
Sob seu pés descalços a terra que os sustém 
Fazem da luz do luar luminária em suas noites
Do brilho das estrelas a calma para o descansar

Nas águas que descem o rio suas imagens se refletem
Novo ou velho seus corpos são ali raros pertences
Sentem-se criaturas divinas na jornada da alma
No som do silêncio das cordilheiras conversam com Deus 
A compreensão de suas existências num árido calor
Gente distante de tudo, mas muito próximas do amor.

Cláudio Reis