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Maria Vanda Medeiros de Araujo

TU CACTUS, EU SAPIENS

Nascemos do mesmo solo,

Onde os raios de sol

Riscam como pincéis atômicos

E brincam de fazer mapas

Na aridez estúpida que alí se encerra.

 

Crescemos sugando os leites

Guardados como seivas de vida

Na mãe e na terra.

Que se definham,

Mas não perdem a guerra.

 

Irmãos de espécies diferentes

Iguais na força, coragem e um tanto resiliente.

Sua primavera chegou primeiro

Quando floresci, há muito tu já havia

Decorando o meu terreiro.

 

Meu olhar te venerava,

Orgulhosa da tua beleza

Teus frutos, tuas rosas, teus espinhos

Tua verde iponência

Tua magistral natureza.

 

O tempo nos afastou

E não mais te percebia,

Mas sempre que aqui voltava

Teus olhos em mim sentia

Teu cheiro em mim ficava.

 

E vamos sobrevivendo

Neste paraiso azul

Meu pé de mandacaru.

Superando as tempestades

Os invernos e estiagens.

No mesmo chão, no mesmo solo,

Tu cactus, eu sapiens

Na mesma imagem.