sonhei que chovia
e apenas gotas de ti
da nuvem espasmódica
da ânfora de teu quadril
em precipitação pujante
e eu engatinhava por ali
apoiado em pilares roliços
com minha boca aberta
e impiedosamente nu
em labuta de língua
e era ora pra fora
e ora língua pra dentro
em forma de guarda-chuva
com cabo voltado pra cima
assim e já que lavas
e já que lavas
e eu lambia cada gota
e as bebia todas
sem nenhuma pressa
e sem qualquer receio
pois se a água desce
mais pura do céu
imagina a vinda de ti!