Jonhmaker

O Doce Esteio Do Seu Mar

O Doce Esteio Do Seu Mar

...lhe digo, por que talvez não saiba,

Que é meu abrigo nas noites de chuva,

Onde me disperso no emudecido balançar

sublime e plano de sua calma,

Como um navegante lúcido balança,

No remanso esteio do seu mar,

Que espera esvaziar o peito louco de melancolia

da tua ausência vazante na maré de cada dia;

Para revelar-te com a serenidade que me toca a alma

o saudoso desejo de beijar a tua boca,

Quando na razão incólume

do meu desconforto te calas,

Nos dias em que selamos os ventos

e galopamos até as manhãs ensolaradas,

Soltas a correr por esse pequeno horizonte,

Como se fossem embarcações itinerantes

passando por nossas vidas,

 

E nosso amor estivesse contido

no espaço sereno,

Do sustento pleno de uma garoa fina

que, altruísta, finalmente cai,

E ao sol atrai na esperança de se alegrar

com a visão de um novo arco íris,

Inerente à vontade do vento

que lhe sopra e se desfaz,

Na andança de cada onda gigantesca com que se choca,

Transformando-se na espuma branca,

A luma das gotículas de esperança,

Que brilha quando clareada

pela sublime alvorada dos teus olhos.

 

Algumas vezes ouço o eco

pertencente as próprias palavras,

E sinto que a bonança me abandonou;

Levando a alma partida numa caravela indecisa

para fora desse mundo vazio e perdido,

Vagando pelo espaço empobrecido desse mar,

sem a compleição reconfortante de sua brisa

a me levar numa viagem imprecisa e sem fim.

Mesmo assim, sigo peregrinando

sobre este sentimento cauterizado,

Que escuta de longe o roçar das velas

açoitando os mastros angustiados pela calmaria,

Golpear no peito o meu coração.

Outrora comovido por seu abraço

Como um receio maltratado pela escravidão;

Por ter que viver mais um dia exposto as marcas

que nem o rancor da chuva pode levar,

Para saber, então, que tudo vai passar,

Não como um sonho,

Mas, como o pesadelo de te amar.

 

Porém, bastaria um sorriso teu

e a borrasca se dissiparia,

Transformando esse oceano

numa rota segura para que eu pudesse navegar,

Tendo seu olhar a me inspirar na distancia,

Com a pura luz de um farol impulsivo

guiado por sua bucólica presença,

Descansando nas costas pacíficas

de uma ilha emotiva,

Sob as nuvens de algum verão

aconchegante e quente,

A sombra de uma palmeira verde oliva,

Na invisível dor do meu sofrimento

por muito tempo guardado num segredo,

Que viaja amarrado, sem nenhuma comoção,

No triste porão do meu barco,

Como se fosse o pesar de um lastro

para o meu coração.