Um córrego que cruza Penápolis
Suas águas brotam tranquilamente do solo
Um presente da natureza, tão simples e tão belo
Que corre pela cidade, sereno e apaixonado
Conhecido como Córrego da Maria Chica
Assim nomeado há muito tempo passado.
A cidade cresceu às margens do teu leito
Pavimentando grande parte de teu trajeto
As tuas bordas antes vestidas de verde
Deram lugar às ruas e margens cinzentas
Entre muros e concretos construídos
Teu curso d’agua agora corre contido.
Ao cruzares uma das pontes de cimento
Verás a água que corre pelo canal petrificado
Se fores um observador, de ouvido atento
Lá no alto da árvore, que ao tempo resistiu
O solitário sabiá expressa o teu sentimento
Notarás em teu canto uma nota de lamento.
Todos os dias, centenas, talvez milhares
De pessoas cruzam a cidade em vaivém
Quase sempre muito apressadas
Andam como se de olhos fechados
Passam por ti sem notar a tua presença
Mas tu não te importas com tal indiferença.
Sem pressa e de forma contínua
Segue o teu curso, missão e rotina
Anônimos e famosos já viram as tuas águas
Por você já passou até Cora Coralina
E todos passarão em um fluxo constante
Pois sempre será você, o eterno viajante.
Ó córrego da Maria Chica
Senhor educado e gentil
Acólito passivo dessa gente
Viste esta pequena selva de pedra surgir
És patrimônio deste povo trabalhador
Nossa joia imensurável do interior.
Pedro Trajano