Elfrans Silva

O PODER DA BICICLETA

O PODER DA BICICLETA 

Por ser um piá briguento
Quente de temperamento 
Que por nada desanima 
Fui moleque encrenqueiro
Um sapeca, baderneiro
\"Líder\" da Rua de cima 

Acalmava um pouco mais
Ajudado por meus pais
Com amor e ensinamentos
Foram minha segurança 
Enfermeiros, ambulância
Pra curar meus ferimentos 

Ele sempre achava um jeito
De sanar os meus defeitos
Coisas que crianças têm
Ela, um delicado anjo
Ensinava eu ser marmanjo
Se tornar jovem de bem

O prazer da pirralhada
Adjunta e embandada
Era impor ares de \'macho\'
O combate era parelho
Pois, havia outro fedelho 
\"Líder\" da Rua de baixo 

Os grupos se topavam
As intícas começavam
Qualquer treta era motivo
Testilha e indiferença 
Esbarrar, não dar licença 
Eram gestos punitivos 

Se o pai era chamado
À cindir o embaralhado
O culpado não achava 
Com certeza que castigo
Sucedia mais comigo 
Pois, das ruas me privava 

Ante a minha displicência,
Isolado e em penitência,
Reprimido dos folguedos,
O meu pai, tutor no ensino 
Pra mudar o meu destino 
Cambia a rua por brinquedo 

E, num dia, felizmente 
Me concede por presente
Uma linda bicicleta
Eu, que era assaz levado
Não estava preparado 
Pra surpresas como esta 

Já na rua, inclinada
Nas primeiras pedaladas 
Tive um medo dos \'diacho\'
Sem sequer me aperceber
Comecei, então, descer
Pela rua lá de baixo 

Tal não foi minha surpresa
Quando, com delicadeza, 
(Que deixou-me aturdido) 
Os pivetes, meus rivais
Me chamavam com sinais 
Pra atender os seus pedidos 

Que eu deixasse a patota
Dar ao menos uma volta
Em torno do quarteirão 
Quando vi, eu consentira
Ao primeiro que pedira
Sem qualquer objeção 

E assim, ambos conjuntos 
Começaram brincar juntos
No maior contentamento 
Nossos pais, as ambulâncias
Animavam as crianças 
Curando novos ferimentos