O PODER DA BICICLETA
Por ser um piá briguento
Quente de temperamento
Que por nada desanima
Fui moleque encrenqueiro
Um sapeca, baderneiro
\"Líder\" da Rua de cima
Acalmava um pouco mais
Ajudado por meus pais
Com amor e ensinamentos
Foram minha segurança
Enfermeiros, ambulância
Pra curar meus ferimentos
Ele sempre achava um jeito
De sanar os meus defeitos
Coisas que crianças têm
Ela, um delicado anjo
Ensinava eu ser marmanjo
Se tornar jovem de bem
O prazer da pirralhada
Adjunta e embandada
Era impor ares de \'macho\'
O combate era parelho
Pois, havia outro fedelho
\"Líder\" da Rua de baixo
Os grupos se topavam
As intícas começavam
Qualquer treta era motivo
Testilha e indiferença
Esbarrar, não dar licença
Eram gestos punitivos
Se o pai era chamado
À cindir o embaralhado
O culpado não achava
Com certeza que castigo
Sucedia mais comigo
Pois, das ruas me privava
Ante a minha displicência,
Isolado e em penitência,
Reprimido dos folguedos,
O meu pai, tutor no ensino
Pra mudar o meu destino
Cambia a rua por brinquedo
E, num dia, felizmente
Me concede por presente
Uma linda bicicleta
Eu, que era assaz levado
Não estava preparado
Pra surpresas como esta
Já na rua, inclinada
Nas primeiras pedaladas
Tive um medo dos \'diacho\'
Sem sequer me aperceber
Comecei, então, descer
Pela rua lá de baixo
Tal não foi minha surpresa
Quando, com delicadeza,
(Que deixou-me aturdido)
Os pivetes, meus rivais
Me chamavam com sinais
Pra atender os seus pedidos
Que eu deixasse a patota
Dar ao menos uma volta
Em torno do quarteirão
Quando vi, eu consentira
Ao primeiro que pedira
Sem qualquer objeção
E assim, ambos conjuntos
Começaram brincar juntos
No maior contentamento
Nossos pais, as ambulâncias
Animavam as crianças
Curando novos ferimentos