Faz já muito tempo que estive trancado ali
Deus sabe os tratamentos que sofri
Aqueles médicos roubaram minha majestade
Ainda quando eu era um homem na flor da idade
Eu costumava me considerar perfeito
E talvez de fato eu fosse
Nenhuma delas se quer encontrou defeito
Mas eu cometi um erro maldito
Fui sabotado e por isso deixarei esse enredo por escrito.
Naquela época eu era um amante
Um amente de belas damas que conheci
Me relacionei com muitas e quão lindos foram os momentos que com elas vivi
Elas tinham que fazer merecer minha beleza
E como não conseguiriam? Exalavam carícias em mim com leveza
Ousavam sempre me explorar ao máximo
Mas é claro que se estou contando isto aqui
É porque teremos um final trágico.
Eu sei que Deus havia feito com todas um belo arranjo
Mas acima de todas, havia uma mais reluzente, lá havia um anjo
Um mulher que me atraiu para além de meu impuro desejo
Me levou mais alto que qualquer montanha que já escalei
E por isso nela meu amor confiei.
Nossos dias passados juntos me faziam esquecer meus tempos de pecados
Tudo que eu queria estava ali, no seu sorriso após meus olhares tímidos e quebrados
Eu podia realmente sentir que finalmente me tornava o que queria ser
Acabei com as noitadas, com o álcool, e arranjei um motivo justo para viver
Até o dia que tudo mudaria e me encontraria nesse estado que agora poucos podem ver.
Eu e ela estávamos já completávamos um ano, estávamos morando juntos
Pensava em pedi-lá casamento
Mas eu queria escolher, sem erro, o melhor momento
Após uma bela noite repleta de amassos
terminei por dormir em seus braços
Mas ao acordar eu já não estava mais seguro ao seu lado
Estava preso a uma cadeira de rodas, amarrado e amordaçado
longe de casa de mãos atadas
Carregado por homens de branco
Que me ameaçavam com pequenas facas
Me obrigavam a tomar remédios para que eu desmaiasse
E quando acordava
Tinha certeza do tratamento de choque para que me reanimasse.
Eu tentava dizer que aquilo só poderia ser um tipo de engano
Mas eles diziam:
\"Calado Sr.Louco, estamos aqui para lhe tirar de seu estado insano\"
Mas porque me chamavam de louco?
Porque eu estava lá e porque faziam de mim tão pouco?
Um dos médicos tinha na minha dor um enorme prazer
Abria um sorriso ao me ver sofrer
Gargalhava ao me ouvir gritar
Me estrangulava até me desmaiar
Tudo com a desculpa que eu estava sendo desobediente
Que aquilo era uma punição para quem não controlasse a própria mente.
As dores que me causavam se arrastavam por dias
Os ferimentos abertos pelas agulhas sentiam cada segundos do ar das noites frias
Em meus braços as marcas da corrente que usavam para me prender na cadeira
Torturas essas que eram semanais
Incluindo um tratamento de choque em todas as sextas-feiras
Quando não podiam mais cortar, me queimavam nas feridas abertas
E batiam com força nos ossos de minhas pernas
Com um pano em meus dentes eu suportava a dor
Afinal eu não tinha escolha
Não tinha como lutar
Nem mesmo correr mal conseguiria ficar de pé
Difícil mais ainda seria caminhar.
Deus sabe os tempos de trevas que passei nas mão daqueles que roubaram minha antiga vida
A única coisa que não me permitiu enlouquecer realmente
Foi o sonho de rever minha linda
Meus dias e noites eram aproveitar o único momento que podia olhar pela janela
E imaginar como eu esqueceria de tudo isso se pudesse rever ela.
Minha mente já queimava em febre na minha mente
Por isso eles me isolavam quase sempre
Como não conseguia nem falar
O meu passa tempo por meses foi apenas assoviar
Meu clássico assovio dos tempos de garanhão
Que nunca mais usei pois não era útil mais em qualquer ocasião.
Mas a vida ainda me traria esperança
Quando um homem que entregava os medicamentos me escutou assoviar
E reconheceu que era o som do antigo homem que ele e todos costumavam respeitar
Ainda assim era difícil me reconhecer naqueles trapos em meu rosto
estava completamente indisposto.
E todas as vezes que ele voltava para os remédios entregar
Escutava o meu som soar
Seus ouvidos e sua reação não negavam a sensação familiar
E por vezes e vezes tentei fazer ele pelo menos se aproximar.
Após inúmeras tentativas o homem venho até mim
E me entregou uma carta que dizia assim:
\'\'Sei quem você é, mas não posso lhe tirar daqui,
me veriam passando pelo jardim
Mas no que eu puder ajudar,
escreva nessa carta,
Pois tentarei atender quando eu voltar\'\'.
Apenas passou e a carta me entregou
Nada mais falou
Mas essa era minha chance e eu não poderia deixar de aproveitar
óbvio que iria usar dessa oportunidade sem pestanejar.
Lhe implorei que fosse até minha antiga residência
E me informasse se ainda lá estava aquela que seria minha esposa
E se possível em meu nome entregasse a ela uma rosa
Esse foi meu pedido ao confiar naquele homem a competência.
Escondi a carta atrás de uma planta em um momento de descanso
Era muito próximo de onde ele deixava as entregas então
Era provável que veria
Mesmo que talvez não notasse eu poderia me utilizar apontar com a cadeira e seu balanço
E por sorte ou não, tudo ocorreu como eu queria.
Então depois de quase mais de um mês de tortura atrás de tortura
O homem voltou com uma carta
E nela haviam palavras e uma foto que aumentariam loucura.
Nela dizia e mostrava que minha amada estava na verdade casada
E era com qualquer um que ela estava vivendo em minha morada
O marido de minha agora antiga amada
Era nada mais que o maldito médico
Que adorava me torturar nas horas vagas
Toda a esperança que sumiu e tudo que restou foi o mais puro ódio
Estava na hora então de parar de ser justo e mostrar minhas garras.
Eu sempre quis fugir daquele horrendo e sujo hospício
Mas sempre tive medo de tentar e falhar
Pois talvez até mesmo pudesse piorar.
Então um dia eu pulei da janela do quarto andar
Direto ao chão sem medo de me machucar
Com camisa de força e tudo
Eu tive muita dificuldade para me levantar
Mas valeu a pena
Pois consegui saltar o suficiente para cair do lado de fora do lugar.
Fiquei dias perambulando com ossos quebrados
Esperando o tempo para que com essa dor pudesse me acostumar
Me arrastando pelos lugares pontiagudos
Para que a camisa de força pudesse rasgar
Obviamente com a roupa de louco ninguém iria me ajudar.
Depois de muito tempo consegui me livrar e me acostumar
Eu poderia ir a policia e denunciar o hospício
Mas isso não bastava
E afinal, quem com a minha aparência iria acreditar
Além disso, para aqueles malditos
Era pouco até mesmo o homicídio.
Eu faria cada um deles pagar
Mas aquele médico
Eu tinha que fazer algo para ele realmente sentir
Tudo que me fez passar
Tudo que ele roubou de mim
Eu tinha que destruir.
Então preparava meu plano de vingança
Eu ficava empolgado só de saber que teria a chance de fazê-lo sofrer
Teria a chance de fazer ele chorar como uma criança
Assim como eu, amarrado, sem chance de fugir ou correr
De cair ou se esconder
A impotência é a pior das dores nesses casos
Eu sei bem como dói até nos ossos.
Em uma bela calada da noite
Invadi sua casa, o amarrei
E por horas os torturei
Com alguns brinquedos cortantes e ajuda de um açoite
Suas bocas amarradas
Claro, Não iria jamais deixá-los me incriminar
E como eles queriam gritar.
Até um dado momento que meu antigo amor resolver confessar
Tirei a amarra para que pudesse falar
O que sempre foi óbvio desde o início
Eu tinha muita fortuna
E o que ambos queriam era me roubar
Armaram para me saquear
E me colocaram onde jamais alguém iria me achar, naquele hospício
Manicômio talvez
Pode usar esse termo como fiz em uma outra vez.
Depois de horas e horas nessa maratona
Minha redenção estava quase pronta
O final do meu plano viria a tona
Junto com o amanhecer dando fim aquela dor toda.
Tomei uma última pílula e esperei o efeito
Joguei um cigarro na gasolina e esperei pelo momento
A casa foi ao chamas por inteiro
Seus corpos queimando pouco a pouco
Enquanto liam na parede escrito:
\'\'Quem é Sr.louco?\'\'.