Jose Kappel

Celebrando o Vazio

 

 

O tempo comeu!

O tempo fez de conta

que não viu,

deixou passar,

ficou assim,

eu com suspeitas de

saudade,

você  lânguida,

você sempre

me fugindo,

e eu, sem eiras

e beiras

recrutei o acolá.

 

Sozinho fiquei

no fim da estrada

onde começava outra

e terminava sem fim.

 

Pois,

a criança levou,

a fada crismou,

o pai chorou,

a mãe, ensandecida,

se partiu.

 

Enquanto você sonha,

pensa que

você fez parte de

alguma coisa.

 

Depois, tudo passa,

entra a realidade.

 

E nesse fim sem fim,

fico a meditar

como um santo

meio suspeito,

e penso medroso:

mas até lá,

ou até aqui,

a paisagem levaram ?

 

E me deixaram

sem tudo ?

e tudo virou

poeira,

areia sem praia,

virou luz muda

e do tudo,

celebraram

todo o vazio.