A suave brisa revolta,
Transforma-se em tempestade.
Procelosa, entrega-se ao vento
correndo ligeiro de encontro ao trovão,
Junto a balburdia da maré
que leva o mar a vagar em solidão,
Empurrando a vela decadente
como um sobrevivente preso ao mastro.
Acima do casco que vive imerso
rente às águas na embarcação...
Sob o efeito da ilusão,
do mar vê-se apenas o fundo!
De uma paixão o formar de suas ondas,
E, de navegar, sente por dentro,
O prumo dos ventos
que arrancaram árvores...
Destroçando o ninho das aves
que migraram para terras distantes,
Sem o rumo,
nem a orientação das estrelas.
Condenadas a desolação
e ao frio constante dessas rajadas,
Que vem dessa dor
do mais profundo rancor do oceano.
Silenciosamente, em paz,
Sem nenhuma injuria tudo se refaz,
As aves sustentam-se no ar,
Levando consigo o pesar da mudança,
Assim como o amor
de um coração partido,
Arqueado, como suas asas,
Segue o plano do destino,
Atento aos sinais, do sofrimento
causado em seu peito ferido.
Traz o amanhecer a bonança,
Retorna ao coração pleno
o sossego sobrevivido.
Pode então um mundo inteiro se redimir,
sem esperar por vingança,
E encontrar na luz derradeira de cada dia
a compreensão e o entendimento,
O farol que nos guia
e nos aproxima da esperança.