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SM Lino

O Andarilho de Paris (2)

Foi visto em Paris, Dando comida aos pombais um andarilho, com roupas surradas, porém muito peculiar, fora do seu tempo: - Casaco de cores vivas, sinto de pano com colete combinando e calças de pano cru-.

 

Conta-se que nos meses de maio, ele sempre aparece nas ruas de Paris, é Por vezes, chamado de fantasma ou seria um viajante do tempo. Sempre com rosto, ora feliz e ora triste.

 

Henriette Nursery, jovem emergente, que em uma festa nas ruas de Paris, em uma das primeiras apresentações cinematográfica, criada naquela década, Olhava avido e perplexo as obras de ares, bijuterias, louças, livros, em stands montados em um galpão grande o suficiente para caber cerca de 1.200 pessoas.

 

Ao cair da noite, encontrou Mademoiselle Louise, que chorando em um canto foi consolada e beijada pelo cavalheiro, (Não se atendo aos cortejos e simpatias trocadas, nem ao tempo que passou para se apaixonarem). Enfim, marcaram no dia seguinte de assistirem juntos “Sortie de l’usine Lumière à Lyon”. Um dos filmes que estava em cartaz, combinaram de se encontrarem na primeira fila.

Ansiosa, Louise, chegou cedo e assistiu o final de uma sessão anterior, toda perfumada e com seu vestido azul com detalhes dourados bordados e de corte longo, sempre olhando para a entrada, suspirava e cheia de planos para aquela linda noite.

Henriette, se arrumou com a roupa muito semelhante a que o Andarilho é visto, parou para comprar flores. Quando subia a Rue Jean-Goujon, viu correria, gritos e fumaça. Se apressou e atônito viu pessoas em chamas correrem de dentro do galpão, pouco antes antes de desabar em meio a chamas. Pessoas disseram que o Éter, que era usado para alimentar o equipamento cinematográfico caiu, o ajudante no escuro, sem saber o que ocorrera, riscou um fosforo para enxergar.

O Amante, nunca mais viu Louise, que sucumbira naquele fatídico 04 de maio , Henriette, nunca mais saiu das ruas de Paris. Nunca mais voltou para casa, sorria ao lembrar dos cabelos pretos e olhos vicos de Louise e se entristecia logo depois sentindo sua falta.

Para os poetas, Henriette representa o amante que não é correspondido e jamais consegue sair do fatídico dia da separação. O andarilho e  solitário amante sem reciprocidade, fica a tratar de pombos, amigos, pais e até filhos, mas não conseguem mais tratar de si mesmos.

 

Por Sandro S Lino
Obrigado Lia pela inspiração