Entre notas roucas surgia uma melodia,
enquanto a música se desenvolvia,
atentamente, aquele papagaio ouvia,
saboreando-a ávido por tão pura harmonia.
Como severo crítico, bastava um desafino,
uma nota fora daquele ajuste-fino,
para tal personagem iniciar a taramelar
e, se julgasse a falha grave, saísse a voar.
Com extrema paciência, o saxofonista
buscava convencer seu crítico contumaz,
com fruta predileta para, então, tocar em paz.
Saxofonista e papagaio compartilham,
como personagens, de deletéria realidade,
onde crítico e criticado vivem em tácita cumplicidade.