Quando escrevo, tento não ser claro, deixo as ideias e objetivos obscuros no escuro e atrás de um vidro fumê e embasado, para que o inerte e energúmeno não veja nem ouça o que eu não consigo dizer.
Mas, hoje serei tão claro como uma estampa de um tapete Persa, cheio de insignificância em suas gravuras, mas tão atraente que o destinatário dessa carta saberá...
Quando eu rasguei a roupa e minha nudes foi estampada nos outdoors da “Praça dos que me enxergavam”, você! De uma forma orgânica me viu, se espantou, mas deu-me a oportunidade, mesmo em meio a dor da surpresa apurou com seu refinado senso humano e, me olhou por baixo da pele ensanguentada.
Como uma anormal em nosso tempo, me deste uma chance e de alguma forma eu correspondi, você relutante, não querendo pecar pela paixão, olhou de novo e para o escândalo dos que aplaudiam a queda, como uma mão que sustenta um corpo que cai, me abraçou e me chamou de filho! Eu que precisava de um abraço ganhei uma mãe.
Olhei para todos que perplexos me olhavam e ansiosos esperavam um ajoelhar, um balbuciar, um raquítico fracasso e arrependimento, assistiram a seu resgate e aplicar de balsamos em minhas feridas, o revigoro da minha mente. Para os expectadores já não fazia mais sentido os escárnios. E abraçado ao meu anjo e a minha mãe nunca mais voltei a praça.
Se afastaram, esperando mais sofrimentos e esperançosos que o tempo me vestisse de, apenas minha pele fina e frágil e então forçado pela mendigagem da redenção, suplicasse pela minha antiga, relés e ínfima posição de nudes, ao lado do coreto.
Sozinho! Eu, meus livros e o anjo fui agora adotado com a pureza do seu amor e com olhares tão raros de apreço
Existem ainda feridas abera e cicatrizes, não menos feridas que a sua ou de outro qualquer, mas nos auto protegemos e estamos tão longe da praça. Me olham mas não me veem, se veem não entendem –Porque ele não se entrega- o importante nessa página é o que eu vejo! Eu vejo você e jamais esquecerei o quanto tua presença me sustentou, e quanto tuas palavras me impulsionaram e hoje, ser quem eu sou, tem a ver com fazer você sorrir.
Por Sandro S Lino