Jose Kappel

Das Neves no Fim da Montanha

 

 

Fraco, sobejo o vôo,

auguro a aurora

em partes de agonia,

onde não hajam sombras.

 

Minha caixa é de brinquedo,

minha voz é de criança,

meu pai é de longe,

minha mãe, vem da terra

batida, mas querida.

 

Venho de longe igual a uma

caixa mágica,

que me leva

ao fim do mundo,

onde o sol não nasce

mas flores dançam ao sol.

 

Este sou eu, Das Neves,

constante da natureza,

pedreiro de paredes,

e com cimento no coração.

 

Valia minha bruteza quando

era forte;

hoje, esquálido

e mal querido,

refaço meu coração de pedras

e calco a ansiedade e o medo

com tragos de solidão.

 

E nesta mesa de bar

vou morrer;

nesta mesa vou partir;

sem dar adeus.

Nem de quebra !

 

Todos se foram

e minha luz interior

se esvai,lasciva.

 

Vou, então, prá onde?

Pro canto do mundo?

Ou pros escondidos

das frestas?

 

Se vou, parto,

Se fico, quebro.

Ah bela!

Se desfilo, vou sem passo.

E se amo, não mais

tenho de troco

a felicidade dela !