Marcos Cunha

Paixão Revivida

As paisagens que moram em mim

Os pincéis da saudade repintaram

E dos meus passos todas as pegadas

Em poucos segundos refizeram.

 

O bom uso da palavra foi inútil,

Rasgando o peito, desfiz ninhos.

Não achei dos labirintos as saídas,

Assumi as farpas desses espinhos.

 

Confusa, minha poesia ficou torta,

Versos úmidos, impregnados desse sumo.

A razão, num delírio, perdeu o rumo.

Até pude entender que essa paixão

Não era morta.

 

E revendo os mais dementes desejos

Você me proporcionou o prazer

De sentir que ainda a paixão revivida

Clama com uma boca esfomeada

A pedir beijos, como aquele que sente

A sede de seus anseios.