Helio Valim

Apenas uma amendoeira!

 

O ruído insistente de serra,

ao devastar os veios, encerra

a sombra de longeva amendoeira,

que, impávida, suporta a poeira,

enquanto seu tronco se desfaz.

 

Altiva insiste, mas não resiste

à devastação que persiste,

até ser despida de seu vestido,

desnuda de ramos, folhas e estilo,

sendo abusada sem paz.

 

Grande provedora de tranquilidade,

contrapondo-se à intensidade da cidade.

Sob suas folhas, na sua sombra,

tal generosidade a todos assombra,

proporcionando suave calmaria eficaz.

 

Em conluio com devoradora urbanização

degola-se seres frondosos, sem comoção,

pois, lógicas de mercado encobrem,

abstratas empáfias que distorcem

a efetividade de ação ambientalmente capaz.