Urgência e o tempo…
Ema Machado
O cansaço perambula, conta meus ossos
Queria ter resistência dos bambus.
Por vezes, vejo-me vergar e sei que não posso
Ou, tornar-me-ia alimento de urubus
Não sei, se me é possível alcançar o cume da montanha
Apenas sigo a jornada, é tamanha…
Sou ave de rapina, vôo sozinha
Aprecio a companhia
Nela, aprendi a apreciar as pedras
O silêncio dos lagos
O contato da terra…
Há muito, tenho comigo os remos
Navego pelo oceano tempo
Ultrapassando tempestades
Ou mesmo à deriva, não vivo pela metade…
Na janela, pingos se unem, dançam desenfreados
Há urgência, embrenhar no solo pelos poros da terra, deitar em repouso sobre lençóis…
Chuva outonal, limpa o ar, o vento remove folhas, outras, aguardam para brotar
E pensar…
Ainda ontem, era primavera
O verão já se foi
O outono parece ter pressa
O
inverno, jaz à espera…