No poema sem rima
Faço-me feliz
Faço-me inteira
Permito-me a entrega
O exagero e a exatidão
Nas palavras que reúno
Posso criar o que já existe
Inventar o que é comum
Tornar ordinário o que é raro
Na folha de papel, ou na tela do computador
Sou eu mesma e sou ninguém
Sou aquela e sou aquele
A imagem e a ação
No poema sem rima
Posso voar e ousar
Posso nem tentar
E todo esforço já valeu
Toda censura se esconde e se revela
Nas palavras que reúno
Sinto raiva, sinto amor
Ouço o som do desespero
E vejo a cor da mansidão
Na folha de papel, ou na tela do computador
Sou nuvem, sou desenho
Sou rascunho do mundo
Sou história mal contada
E vida plenamente vivida.