Elfrans Silva

DE PALETÓ E PEITO ABERTO

 

DE PALETÓ E PEITO ABERTO 

De paletó e peito aberto
A andar sem rumo certo 
Do lugar de onde estou
Ao lugar pra aonde vou...
Percebi que anoiteceu
E a cidade adormeceu 
Agora à sós, o céu e eu
Um céu imenso, todo meu 

Passeei por tantas ruas
Ruas minhas, ruas suas
E foi numa dessas ruas
Que você me conheceu
Não me disse o seu nome
Apelido, ou sobrenome !
Dos carinhos que careço
Me bastou seu endereço 

Tua pele adolescente
Teu calor, subsequente 
Foi a deixa, do encanto 
Ao prazer de amar-te tanto
Entre sonho e consciência 
Entregaste a inocência 
Tuas horas, e teus dias
E te fui por companhia 

O que sobra desse amor 
Levarei pra onde for !
Se a noite é uma criança,
Aviltar não tem fiança.
Ouço miados no telhado
Dum gato negro, inspirado
Distraído não suspeita 
Que um canino o espreita
  
Mergulhei na escuridão 
Abraçado ao violão 
Pra poder dele tirar 
Qualquer coisa pra cantar 
Recorri à jovem-guarda
Sob a luz da lua parda
Do acervo das antigas 
Canto \"Uma Palavra Amiga\"

Se julgar de modo extremo
Vais dizer que sou boêmio 
Um poeta apaixonado 
Pelo céu enluarado 
De paletó e peito aberto
A andar sem rumo certo
Do lugar de onde estou
Ao lugar pra aonde vou