DE PALETÓ E PEITO ABERTO
De paletó e peito aberto
A andar sem rumo certo
Do lugar de onde estou
Ao lugar pra aonde vou...
Percebi que anoiteceu
E a cidade adormeceu
Agora à sós, o céu e eu
Um céu imenso, todo meu
Passeei por tantas ruas
Ruas minhas, ruas suas
E foi numa dessas ruas
Que você me conheceu
Não me disse o seu nome
Apelido, ou sobrenome !
Dos carinhos que careço
Me bastou seu endereço
Tua pele adolescente
Teu calor, subsequente
Foi a deixa, do encanto
Ao prazer de amar-te tanto
Entre sonho e consciência
Entregaste a inocência
Tuas horas, e teus dias
E te fui por companhia
O que sobra desse amor
Levarei pra onde for !
Se a noite é uma criança,
Aviltar não tem fiança.
Ouço miados no telhado
Dum gato negro, inspirado
Distraído não suspeita
Que um canino o espreita
Mergulhei na escuridão
Abraçado ao violão
Pra poder dele tirar
Qualquer coisa pra cantar
Recorri à jovem-guarda
Sob a luz da lua parda
Do acervo das antigas
Canto \"Uma Palavra Amiga\"
Se julgar de modo extremo
Vais dizer que sou boêmio
Um poeta apaixonado
Pelo céu enluarado
De paletó e peito aberto
A andar sem rumo certo
Do lugar de onde estou
Ao lugar pra aonde vou