joaquim cesario de mello

POETA DE UM VERSO SÓ

 

Sou poeta de um verso só

e nele há a infância

o tempo, a impermanência e a morte

 

Já tentei falar em amor

mas não dei muita sorte

afinal amar é sentimento

grafado em verbos de acenos e gestos

 

Se olho para trás

vejo-me garoto e pequeno

me divertindo e correndo

como se quisesse ganhar do tempo

 

No encarar do hoje

contemplo o mundo envelhecendo

e meu menino continua correndo

como se desejasse coagular o tempo

 

Mas quando descortino o tempo

enxergando o que vem em frente

lá se vai a criança correndo

como se pudesse

                    um dia

                                vencer o tempo