De sua tez amistar
rodeiam pontos de suor
e certas tonturas que não têm cerca.
Fui chamado à proa do nada para conhecer
a dona da morte: senhora bem-vista,
temerosa e amedrontada e tão
bela como arroz-doce.
Mas senhora, dona de todo
o Norte, sabia eu, lá aonde
faz a vida,
mas sabia onde semeia o lado
dos esquecidos.
Fui chamado a provar
minha vida e
certos amores.
Fui chamado a provar
de identidade e
provas vãs,
todo o poder
de uma jovem de duzentos
e duzentos e poucos anos,
dona de mim,
escrava do Senhor das Portas.
Fui enbojado de suor,
trêmulo de alegria
e augusto de pavor,
tentar com molho de vinagrete
colher os frutos da bela paisagem
e rever o que fui ontem -
dono de pedras -
e o que sou hoje -
dono de portas do tempo.
Rude Senhor das Portas,
que só nos deixa no cercado.
No árido, nas janelas sem emoção.
De duzentos em duzentos
e poucos anos estaremos
de volta - disse alguém
de angústia emproado.
O resto não importa mais.
A rua tangenceiada de povo,
faz a estátua.
Os prédios nos fazem
coisas minúsculas
mas dele somos donos.
O Senhor das Portas
só faz perguntas etéreas
e nos deixa sempre no cercado.
O Senhor das Portas
vigia meu amor
com gosto árido
e nos leva
pra lugar nenhum,
que é o lugar
onde mesmo vivos,
nos esquecemos.
E, no começo da dor,
o Senhor das Portas,
se abre,
e, em nenhuma delas,
não encontro meu amor,
que, de longe,
partiu pra sempre.