Percebo que o tempo passou, ao ver o reflexo de um homem no espelho
Altura mediana, barba mal feita, cabelos curtos e bagunçados
Ele se vira, água desce pela torneira, lava o rosto
Esse sou eu? Esse cara? Esse homem? Realmente sou eu?
Todas as vezes que olho para trás
Para o meu eu de lá atrás
Onde foi parar aquele garoto? Que chorava tanto por amigos?
Onde foi parar aquele sorriso? Cadê aquele adolescente que não tinha medo das coisas?
Esse sou eu? Não sou eu, quem eu sou? Só por ter nome, eu sou eu?
Minha mente envelhece mais rápido que o meu próprio corpo
No fundo, sinto que sabia, que eu não me importaria com besteiras
Mas, escanteei tantas coisas, guardei na gaveta tantas vontades
Agora os meus sonhos, já não fazem tanto sentido
Relações que nunca tive, pessoas que nunca conversei
Tão quieto, tão transparente quanto o vidro, tantas vezes apenas um fantasma
Sim, esse sou eu, os olhos negros, com olheiras não tão fundas
Sinto que não estou tão apresentável....
Às vezes não sei quem sou, porque não me conheço direito
Às vezes sou um estranho para mim mesmo
Não sei direito do que gosto, do que quero, do que pretendo fazer
Idade térrea, um velho em corpo de jovem, um homem que parou no tempo
Sei que devo escrever, para alguém que não sei quem é
Que provavelmente jamais vou conhecer
Falar de mim, do meu eu de dentro, traumas, felicidade, algo...
E fico me perguntando, tantas vezes...quem sou eu?