Na casa da minha avó
existia um tapete mais velho do que ela
Diziam que era persa
e que fora herdado da mãe da mãe de sua mãe
que deve ter comprado em alguma quermesse
ou nas feiras beneficentes das remotas igrejas
Sobre o tapete da casa da minha avó
passeei com meus pequenos pés de infância
e pairei por cima de cidades que nunca vi
salvo na lucidez delirante do meu maravilhado menino
Na casa da minha avó
havia um tapete que era voador
onde amei flutuar de olhos fechados
junto ao algodão doce das nuvens
no céu dos anjos da infância
Dele não conheci seu paradeiro ou destino
apenas o tenho nos álbuns em preto e branco de fotografias
e no colorido pintando da memória
que nem as cores das guloseimas, dos dropes e das jujubas
O tapete da casa da minha avó
era mágico e eu não sabia