O que podemos dizer sobre a natureza humana?
Que somos sobreviventes, guerreiros que nos adaptamos e impomos a nossa maneira e usamos a violência como trampolim? Vencemos as adversidades e vencemos uns aos outros? Travamos guerras cruéis e matamos impiedosamente, até aqueles que não escolheram lutar. Deste ponto de vista, o amor parece algo incompatível com a nossa natureza e do ponto de vista do instinto humano o amor é quase uma transgressão, e por isto mesmo o discurso de Jesus foi tão revolucionário.
Os Judeus viviam sob o domínio de um império invasor e subjugados eram prisioneiros em seu próprio país. Estes esperavam um salvador que os libertariam, o messias viria com grande poder e venceria seu inimigo no campo de batalha, como havia feito Davi tempos atrás. Foi neste cenário que veio Jesus, nesta circunstância da história, em meio a esperanças e grande flagelo de seu povo, ele veio ...e veio criança humana, e veio pobre e sem moradia e nasceu sob o relento e sem nada que pudesse comunicar aos homens qualquer grandeza que lembrasse um Rei deste reino dos homens.
O coração do homem havia se transformado em um inferno de ódio e vaidade, e o fogo da ganância e poder consumia a sua alma desvirtuada. Os tiranos Romanos entendendo que a criança Jesus era uma ameaça, então se colocaram a caça-lo e não o encontrando, se puseram a matar todas as crianças que tivessem tais e tais características deste menino que havia nascido e que seria um rei.
Mas como era pra ser ele sobreviveu e mais ainda, ele viveu nesta terra e misturado aos homens viu e sentiu as nossas mazelas e cresceu tendo ao seu redor um mundo de maldades e desesperança e viu o mal que o homem causava a si mesmo. Passou o tempo de infância e juventude de Jesus e quem poderá dizer o que teria sido este momento histórico? Aprendizado, conhecimento, experiência? Mas ele sempre foi Deus, que agora estava em nosso meio e então de que ele precisava de nós? Talvez sentir o calor da nossa frágil condição mortal e ao mesmo tempo a nossa vida tão intensa, talvez sentir a nossa indelével dor em todos os aspectos, materiais e espirituais, sentir as nossas contradições de seres sobreviventes numa terra de tantas contradições.
Para além da nossa compreensão, ele veio andou entre nós como anônimo, porém já no fim de sua vida terrena ele proclamou a sua Boa Nova e travestido de homem e com as sandálias velhas de percorrer estradas e com os braços e coração abertos para a nossa fragilidade espiritual, ele trouxe o seu grande ensinamento, a sua revolução: \"Ame uns aos outros\" o que poderia ser mais revolucionário do está frase para aquele contexto? \"Dê a outra face \" é dizer que eu não tenho espada para a sua agressão e se libertar do ódio que nos aprisiona ao ressentimento, é dizer que eu perdoo e que eu amo, mesmo aquele que me quer o maior mal.
Uma guerra leva a outra guerra que leva a mais uma guerra. Mas o amor? Este pressupõe a paz e é assim pacificado que está o coração daquele que entendeu a palavra de Jesus e por isto não temos o direito de em nome de Cristo, fazer tudo aquilo que já fizemos historicamente: (cruzadas, inquisição, dominação) e ainda hoje fazemos e muitas vezes cultivamos rancores contra os nossos irmãos que são incompatíveis com a verdade e o amor de Cristo.
Desde quando a amor por Cristo virou chancela para julgarmos e condenarmos os nossos irmãos? Que a nossa vida de bons exemplos cristãos, possa arrastar aqueles que estão subjugados pelo ódio e estão impregnados de sentimentos impuros. Se Jesus quisesse a espada ele a teria trago há 2.023 anos, mas ao contrário, ele trouxe uma coisa mais importante, que é o amor como ferramenta de libertação, o amor como força capaz de mudar realidades, o amor como alternativa definitiva para a humanidade. \"A César o que é de César \" significa que César (governos, reis, tiranos) tem a nossa contribuição material, porém o nosso amor, a nossa esperança e a nossa devoção, devem estar com Deus e Jesus, que é de onde vem toda glória que vai nos redimir. Voltemos pois a nossa esperança e as nossas energias para aquele que nos amou incondicionalmente e de tanto amor pela humanidade, se submeteu à nossa violência a fim de nos salvar de nós mesmos.
Antonio Olívio